Respondendo ao islã

A Antiga Visão Islâmica da Bíblia Sagrada

Derik Adams

Muitos Cristãos (incluindo especialistas do campo do orientalismo) após lerem as antigas fontes Islâmicas notaram que esses livros apresentam uma visão diferente da Bíblia Sagrada em comparação à posição mais recente adotada pela maioria dos Muçulmanos, i.e., a posição que rejeita a pureza e preservação da Bíblia.

Os Muçulmanos de hoje, após se depararem com estes fatos claros sobre as antigas fontes Islâmicas têm tentado assumir o controle dos fatos. Um desses Muçulmanos é o escritor Sami Zaatari, se acredita tanto ter a solução para este problema que se orgulha:

“Vejam, amigos, quando eu, Bassam, Karim e Umar começamos a escrever e a refutar o lixo do Respondedo ao Islã, organizamos um plano de que iríamos refutar cada uma dos principais argumentos e artigos que eles produzem, e nós fizemos isso, Bassam pôs o prego na tampa do caixão quando destruiu completamente Sam Shamoun sobre se o Alcorão confirma a autenticidade da Bíblia. Este era o último argumento restante que ainda não havia sido bem respondido, e graças ao irmão Bassam Zawadi este argumento foi jogado na lata de lixo junto de diversos outros argumentos que foram propagados por esse grupo de missionários desesperados.” (Ênfases em negrito são nossas)

Mas, é isso mesmo? Longe disso! De fato, Bassam Zawadi teve de montar uma metodologia de pressuposição para poder lidar com este assunto. Ele explicitamente admite isso em diversos casos:

Minha posição é que eu aceito TODAS as narrativas que falam sobre a  corrupção da Bíblia e harmonizo esses versos que são abusados por missionários, enquanto eles (os missionários) não podem harmonizá-los todos juntos.” (Fonte; ênfase em negrito é nossa)

“Terceiro, a declaração de Ibn Abbas pode ser reinterpretada para ser reconciliada com outras declarações que ele fez.” (Fonte; ênfase em negrito é nossa)

Há diversos problemas aqui. Primeiro, se Zawadi deseja aceitar toda e qualquer narrativa que fala sobre a corrupção bíblica então isso significa que a ciência da hadice agora é irrelevante desde que ela diga algo ruim sobre a Bíblia? Se for assim, isso não faz uma boa imagem de Zawadi. Pode ser que não seja este o caso, pode ser que Zawadi não tenha a intenção de ir tão longe, porém isso demonstra que um Muçulmano como Zawadi não é nada além de obstinado.

E ainda, Zawadi quer aceitar todas as narrativas que falam de corrupção bíblica. Porém, quando ele encontra um versou e/ou uma hadice que ensina o oposto, i.e. uma declaração que defende a Bíblia, ele tenta reinterpretar essas passagens à luz de seu entendimento a priori a respeito dessa hadice e impõe sua visão incorreta sobre a hadice que apóia a Bíblia. Mas, por que ele teria essa pressuposição? Por que não interpretar as passagens que parecem sugerir que a Bíblia está corrupta com as narrativas que têm uma visão positiva da Bíblia? Seria razoável ver qual das duas aparecem mais freqüentemente e também qual visão é mais atestada dentro do Alcorão e da visão geral da literatura de hadices, antes de começar a fazer pressuposições como Zawadi faz.

O método de interpretação de Zawadi começa dando mais ênfase à hadice que ele aceita por razões religiosas (i.e. a corrupção da Bíblia) e, então, de alguma forma ele diminui a hadice que diz algo diferente. Parece que ele fará qualquer coisa possível como reinterpretar, reconciliar e até mesmo atacar a cadeia de transmissores da tradição para manter sua posição absurda que não tem apoio no Alcorão e nem na Sunnah.

Assim sendo, neste artigo chamarei a atenção às passagens mais fortes (do Alcorão e da hadice) que os Muçulmanos usam para defender sua posição (claro que o apoio à posição apenas ocorre se você retirar essas passagens de seu contexto e desenvolvimento original). Também vou mostrar como o Answering Islam já tratou exaustiva e adequadamente este tema em seus textos. Depois também demonstrarei que as fontes essenciais do Islã não fazem a afirmação que eles querem:

“A Bíblia (incluindo especificamente: a Torá, o Zabur e o Injil) foram textualmente manipulados e ainda contém alguma verdade”. Esse sistema de crença surgiu bem depois na História Islâmica, por volta do século XI.

Ausência de quantidade?

Quanta evidência realmente digna de crédito no Alcorão e na Sunnah existe para apoiar a visão de que Salaf cria que a Bíblia estava corrompida?

Há algum verso explícito no Alcorão que indica que o texto Bíblico deveria ser visto como corrompido?

Então, ai dos que escrevem o Livro, com as suas próprias mãos; em seguida, dizem: “Isso é de Allah”, para o venderem por ínfimo preço! Então, ai deles pelo que escrevem com as próprias mãos! E ai deles pelo que logram! Alcorão 2:79

Esta é a única passagem em todo o Alcorão que ao menos sugere que algo foi corrompido e pervertido textualmente. Por esta razão, essa é a melhor passagem que um Muçulmano pode utilizar em uma discussão com um Cristão. Nenhuma outra passagem no Alcorão menciona o Livro sendo corrompido textualmente, com exceção do próprio livro dos Muçulmanos!  (cf. S. 15:91) O máximo que os Muçulmanos podem fazer depois é citar passagens ambíguas que podem ser facilmente entendidas.

Mas, a pergunta mais importante para um Muçulmano é porque Allah só diz isso uma vez? Apenas uma vez em todo o Alcorão a impureza textual é mencionada! Os Muçulmanos nos dizem que a razão para o Alcorão ter sido enviado foi para corrigir as revelações anteriores que foram corrompidas pelos homens, mesmo que Allah mencione este assunto tão importante apenas uma vez. Por que Allah não é mais claro sobre este assunto? Por que simplesmente não diz que a Torá, Injil e Zabur foram corrompidos e que somente alguns pontos da verdade permanecem a versão corrompida? Interessantemente, os Muçulmanos têm feito uma “exejegue” do texto e têm lido a palavra “Bíblia” nesse verso, sendo que, na verdade, ela nem foi mencionada ou lembrada! Para detalhes, o Answering Islam já investigou com exaustão essa passagem e seu contexto aqui (em Inglês).

Há alguma coisa em Sahih Bukhari e Sahih Muslim que explicitamente indique que criam que o texto Bíblico estava corrompido?

Sahih Bukhari

Volume 9, Livro 93, Número 613:

Narrou ‘Ikrima:

Ibn ‘Abbas disse, “Como vocês podem perguntar ao povo das Escrituras sobre seus Livros enquanto o Livro de Allah (o Alcorão) é o Livro mais recente revelado por Allah e sua leitura é pura e sem distorção?”

Sahih Bukhari

Volume 9, Livro 93, 614:

Narrou ‘Ubaidullah bin ‘Abdullah:

‘Abdullah bin ‘Abbaas disse, “Ó, grupo dos Muçulmanos! Como vocês podem perguntar ao povo das Escrituras sobre alguma coisa enquanto seu Livro que foi revelado por Allah a seu Profeta contém as mais recentes novas de Allah e é puro e sem distorção? Allah vos disse que o povo das Escrituras mudou alguns dos Livros de Allah e o distorceram e escreveram algo com suas próprias mãos e disseram, “Isso é de Allah”, para obter algum ganho. O conhecimento que chegou a vocês não os leva a parar de questioná-los? Não, por Allah, nós nunca vimos um homem deles perguntando sobre (o Alcorão) que foi revelados a vocês.

Mais uma vez temos algo muito limitado! As únicas referências em todo o corpo de Sahih Bukhari e de Sahih Muslim (que são mais de 15 mil hadices!) que mencionam a corrupção textual da Bíblia explicitamente são essas. Elas parecem nos compelir a crer que Ibn Abbas cria que as Escrituras foram corrompidas, mas nós já pusemos a visão de Ibn Abbas em seu contexto aqui (em Inglês).

Então isso é o que vocês têm! Das três principais fontes da História Islâmica e Doutrina vocês têm apenas três referências (uma delas repetida) que se referem à corrupção textual. Agora, isso não é nada frente à miríade de versos que estabelecem a posição do Alcorão e da Sunnah de que a Torá e o Injil não apenas estavam acessíveis durante a vida de Mohamed, mas que eles também eram lidos tanto em Hebraico quando em Aramaico. De fato, há diversos exemplos onde Allah ordena que os Muçulmanos obedeçam, sigam e os permitam usar a Torá o Evangelho para julgar a verdade, e também ordena que eles creiam nesses livros! Isso tudo está demonstrado aqui (em Inglês).

Há alguma coisa nas outras fontes Islâmicas (Sira, Tarikh, Hadice, etc) que explicitamente indiquem que criam que o Texto Bíblico estava corrompido?

É melhor não evitar mencionar a ausência de evidência de corrupção textual Bíblica nestes seis volumes Sunitas da hadice:

1. Sunan Al-Sughra (também conhecido como Sunan an-Nasa’i)

2. Sunan Abu Dawud (ou Abu Daud)

3. Sunan Al-Tirmidhi (ou Atirmidi)

4. Sunan Ibn Majah

5. Muwatta de Malijk.

Este são os seis principais volumes de hadice Sunita sem nenhuma gota de evidência. E não vamos nos esquecer do “A Biografia do Mensageiro de Deus (Árabe: Sirat Rasool Allah)”, o registro mais antigo da vida de Mohamed que jamais diz que a Bíblia está corrompida textualmente, e que, de fato, diz o oposto.

Muito longe do que Zaatari e Zawadi gostariam, a evidência é conclusiva contra seu posicionamento e Zawadi só pode falar de leviandades em seus artigos, usando argumentos como: “bem, esta é (uma hadice citando o que ela chama de Torá) citada aqui, mas não está na Torá de hoje em dia”.  Zawadi acha que pode conseguir algo com essa argumentação malfeita? Já ocorreu na mente dele que seu Alcorão e Hadice persistentemente confundem a Torá com o Talmud? Que os ditos e mitos de Jesus em seu Alcorão também são confundidos com heresia Gnóstica, Evangelhos da Infância, etc? Zawadi também nunca imaginou que a hadice pode não ser precisa e nem confiável; Zawadi automaticamente pressupõe que é culpa da Bíblia sem qualquer embasamento ou razão oferecida a nós. Uma vez que tenhamos visto todos estes fatos, vemos como esses Muçulmanos em particular são desesperados para apresentar qualquer tentativa de provar que os Muçulmanos antigos criam que a Bíblia estava corrompida.

Isto é (infelizmente para eles) o melhor que eles têm, eles não podem encontrar nenhum só verso que nos diga que a Torá e o Evangelho foram textualmente modificados, eles não podem encontrar Mohamed ou seus companheiros falando de um “Evangelho original” e distinguindo este original do Evangelho usado pelos Cristãos nos tempos de Mohamed. Eles não podem encontrar nenhum só verso que nos diga que os Evangelhos contém partes verdadeiras e partes erradas e que o Alcorão determina qual é o erro e o que é verdadeiro nele. Os Muçulmanos antigos simplesmente não criam no que vocês (Muçulmanos) crêem hoje, e vocês não têm nenhuma evidência oposta!

É hora de encarar os fatos e admitir que a noção de que a Bíblia foi corrompida se desenvolveu dentro do Islã quando gerações posteriores aos Muçulmanos letrados apareceram em cena e perceberam as diferenças irreconciliáveis entre a Bíblia e o Alcorão, tal como o dr. John Wijngaards disse:

“No Alcorão, os Muçulmanos são ditos para respeitarem o Evangelho revelado a Jesus Cristo e lido pelos Cristãos. O Alcorão pressupõe que o Evangelho possuído pelos Cristãos é de fato idêntico ao original proclamado por Jesus. Nos primeiros quatro séculos após Mohamed (600 – 1000 d.C.) nenhum teólogo Muçulmano acusou seriamente que os textos do Evangelho não são autênticos. Eles podiam acusar os Cristãos de dar uma interpretação errada às palavras, mas não acusavam sobre as palavras em si. Como os estudos sobre a apologética Muçulmana demonstraram, foi apenas com Ibn-Khazem que morreu em Córdoba em 1064 que a acusação de falsificação nasceu.

Ibn-Khazem governou o sul da Espanha por algum tempo como o vizir do califa, empregando muitas guerras civis por seu interesse. Ele também tomou parte em discussões teológicas. Pertencente à tão falada escola Zahirica, ele se opôs fortemente aos Xiitas. Tanto nas convicções religiosas quanto políticas ele foi um defensor duro e intransigente. Quem quer que ousasse se opor a ele se machucaria como correr de cara contra uma rocha. Sua caneta era tão devastadora quanto a espada de um guerreiro. Por causa de seu fanatismo ele falhou em atrair discípulos ou fundar uma escola. Mas seus escritos foram muito influentes em tempos posteriores.

Em sua defesa do Islã contra os Cristãos, Ibn-Khazem se voltou contra as contradições entre o Alcorão e os Evangelhos. Um óbvio exemplo foi o texto corânico “eles não o mataram e não o crucificaram” (Sura 4:157). ‘Já que o Alcorão deve ser verdadeiro’, argumentou Ibn-Khazem, ‘deve ser o texto conflitante do Evangelho que é falso. Mas Mohamed nos diz para respeitar o Evangelho. Então, o presente texto deve ter sido falsificado pelos Cristãos.’ Seu argumento não se baseou em fatos históricos, mas puramente em seu próprio raciocínio e em sua vontade salvaguardar o Alcorão. Uma vez que ele entrou nesse caminho, nada pôde detê-lo de usar essa acusação. De fato, este parece o modo mais fácil de se atacar seu oponentes. ‘Se provarmos a falsidade de seus livros, eles perdem qualquer argumento que extraiam deles.’ Isso o levou a eventualmente fazer uma declaração cínica: ‘Os Cristãos perderam o Evangelho revelado, exceto poucos traços que Deus deixou intactos como argumento contra eles.’

Escritores posteriores usaram o mesmo raciocínio, o ampliando e o adornando. A falsificação da Bíblia foi então afirmada por Salikh Ibn-al-Khusain (†1200), Ahmad at-Qarafi (†1285), Sa'id Ibn Khasin (†1320), Muhammad Ibn-Abi-Talib (†1327), Ibn-Taimija (†1328) e muitos outros. A partir daí este se tornou um ingrediente fixo dos apologetas Muçulmanos.” (Ênfases em negrito são nossas)

Tão claramente, uma vez que os Muçulmanos se deram conta que há diferenças irreconciliáveis, especialmente após a Bíblia ter sido traduzida para o Árabe numa escala muito maior que aquela dos tempos dos grandes exegetas Muçulmanos, eles começaram a argumentar que as escrituras anteriores foram adulteradas textualmente, mas que ainda possuem alguns aspectos da verdade divina. Isso claramente é algo que evoluiu com o passar do tempo no Islamismo, e tal idéia não pode ser encontradas nas fontes Islâmicas mais antigas.

Conclusão

Os Muçulmanos (incluindo Zaatari e Zawadi) não podem produzir nenhuma provar real (de suas próprias fontes) demonstrando que o que eles crêem é o que os Muçulmanos antigos também criam. Eles nem se quer chegam perto!

 


* This article is a translation of "Early Islam’s View of the Holy Bible" - original

* Este artigo é uma tradução de "Early Islam’s View of the Holy Bible" - original

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Palavras-chave

Mohamed, Maomé, Muhamed, Mohammed, Islã, Islam, Alcorão, Al-Corão, Quran, Korão, Al-Korão, hadith, hadice, sharia, tafsir, islamismo.


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